Heróis da Água

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sábado, 1 de junho de 2013

Consumo de Água proveniente de Fontanários não ligados à rede pública

A água que todos nós consumimos está sujeita a uma imensidão de riscos poluentes que poderão provocar doenças e prejuízos económicos e materiais, quando não é tratada ou quando o tratamento aplicado não é eficaz.


Cavadas ; Penedo Gordo
Qualquer resíduo libertado no solo irá eventualmente poluir os lençóis freáticos, que serão depois explorados pelas populações (utilização de água proveniente de fontanários).

De uma forma geral, as populações estão convictas, que a água proveniente de fontanários, é uma água com qualidade e que não têm implicações na saúde das mesmas, no entanto esta é uma ideia pré concebida das populações e que está de todo errada.

Um estudo desenvolvido na Unidade de Água e Solo, do Departamento de Saúde Ambiental do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, entre Fevereiro de 2006, e Abril de 2007, envolvendo a avaliação da qualidade da água de 41 fontanários, do concelho de Sintra, revelou que o consumo destas águas se reveste de um elevado perigo para as populações consumidoras, devido, fundamentalmente à contaminação microbiológica. 

O estudo foi realizado, tendo em conta, apenas os fontanários  pertencentes ao concelho de Sintra, no entanto, estes resultados podem sem dúvida ser extrapolados para todo o país. Não sendo por isso o concelho de Beja excepção, no nosso caso em particular, a preocupação não deve ser apenas a nível microbiológico, mas também a nível de contaminação química, por exemplo pesticidas, resultantes de atividades agrículas.

Desta forma, o recurso à água de fontanários não ligados à rede de distribuição pública pode constituir um risco para a saúde pública com todas as implicações que envolvem o consumo de água não tratada

Nesse sentido, e segundo o artigo 16º do Decreto- Lei nº 3006/2007 de 27 de Agosto atribui às entidades gestoras a competência do controlo de qualidade da água de fontanários não ligados à rede pública da distribuição que sejam origem única de água para consumo humano. 

No entanto, os fontanários que não sejam a única origem de água para consumo humano, e que não estejam integrados no Plano de Controlo da Qualidade da Água (PCQA), as entidades gestoras, não têm qualquer responsabilidade de assegurar a qualidade dessas águas, no entanto têm sim a responsabilidade, de sensibilizar a população para o não consumo de água não controlada, assim como, colocar placas informativas "de água não controlada ou de água imprópria para consumo humano".

No caso da EMAS, como entidade gestora, não inclui qualquer fontanário do concelho de Beja no PCQA, uma vez que nenhum dos fontanários não ligados à rede pública de distribuição de água do concelho de Beja constitui origem única de abastecimentos de água para consumo humano.

Desta, forma, a EMAS  em todos os fontanários não ligados à rede pública de distribuição de água do concelho de Beja de procedeu à colocação de placas informativas "de água não controlada", para além de que tem uma grande preocupação no que diz respeito à sensibilização da população consumidora deste tipo de água, em deixar de o fazer, sendo inclusivamente um tópico fundamental  e sempre abordado, em todas as sessões "EMAS vai às Escolas", inseridas no âmbito do Projeto Heróis da Água.





Como futura Técnica de Saúde Ambiental, considero, este tema pertinente, e que deve ser tomado em consideração pelas autarquias e entidades gestoras, tratando-se pois de uma caso de Saúde Pública. E o mais importante de tudo, é junto das populações desmitificar "nunca me fez mal não é agora que vai fazer."



Fontes: 
"Consumo de água de nascentes naturais, problema de saúde pública", Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
Decreto- Lei nº 3006/2007 de 27 de AgostoEstabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano, revendo o Decreto-Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro, que transpôs para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 98/83/CE, do Conselho, de 3 de Novembro





segunda-feira, 29 de abril de 2013

Qualidade da Água VI - Síntese


Nas publicações anteriores, no âmbito da Qualidade, foram abordados diversos temas, nomeadamente, captação, tratamento, armazenamento e distribuição de água.

Como síntese deste capítulo, Qualidade, aqui ficam alguns dados de interesse, sobre a distribuição da água , disponíveis no Relatório& Contas de 2012, da EMAS (Empresa Municipal de Água e Saneamento).

No total do concelho de Beja, em 2012 foram distribuídos 3.362.129 m3 de água, dos quais 3.358.169 m3, adquiridos à entidade gestora em alta (Águas Públicas do Alentejo , S.A).

O restante volume, 3,959 m3, que corresponde a 0,1%  do volume distribuído foi captado nos sistemas de abastecimento de Vale de Russins e Bairro das Flores, sob gestão integral  das EMAS.

No total, e comparativamente a 2011, verificou-se uma diminuição de 10, 3% de água distribuída  correspondente a 384, 299 m3.


Fonte: Relatório% Contas 2012, EMAS

Qualidade da Água V - Controlo dos Sistemas de Abastecimento de Água para Consumo Humano


O controlo da qualidade da água para consumo humano pode definir-se como o conjunto sistemático de acções de avaliação da qualidade da água realizadas com carácter regular pela entidade gestora do sistema de abastecimento, com vista à manutenção permanente da sua qualidade em conformidade com a norma ou padrão estabelecido legalmente (Decreto de Lei nº306/2007 de 28 de Agosto).

A norma ou padrão de qualidade da água corresponde aos valores de parâmetros físicos, químicos e microbiológicos que definem uma qualidade da água aceite como adequada para o consumo humano. 

Segundo o Decreto de Lei nº 306/2007 de 28 de Agosto  "água para consumo humano de boa qualidade caracteriza-se por não pôr em risco a saúde, ser agradável ao paladar e à vista dos consumidores e não causar deterioração ou destruição das diferentes partes do sistema de abastecimento e acima de tudo garantir que nenhum consumidor tem implicações nefastas na sua saúde decorrentes do consumo de água".

Influência dos Vá‡rios Parâmetros ao  nível da Saœúde Púœblica

No Decreto-Lei nº 306/2007 de 28 de Agosto, os valores limites máximos admissíveis e valores máximos recomendados (VMA  e VMR), são definidos para um conjunto de parâmetros devidamente agrupados por tipo:  microbiológicos, físico-químicos, substâncias indesejáveis e tóxicas.


Em 1993 apenas cerca de 50% da água era controlada e revelava boa qualidade, em 2011 este indicador atingiu um valor de excelência de 98%, conforme conta no relatório anual sobre o " Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano", publicado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR). 

As melhorias observadas na qualidade da água são sustentadas por um exigente controlo acompanhado por um crescente rigor na aplicação da legislação e pelos diferentes responsáveis (ERSAR, entidades gestoras, autoridades de saúde e laboratórios).

Enquanto entidade gestora em baixa a EMAS, têm a obrigação de assegurar que a água para consumo humano colocada à disposição dos utilizadores satisfaça as exigências de qualidade constantes no Decreto de Lei nº 306/2007 de 28 Agosto, não podendo, em caso algum ou em qualquer ponto do sistema de abastecimento, apresentar sinais de deterioração da sua qualidade.

O controlo das concentrações dos vários parâmetros, assegurando o cumprimento das normas de qualidade, pretende atestar que a saúde dos consumidores não corre risco, que a água se apresente agradável e igualmente proteger os vários componente do sistema de abastecimento.


Parâmetros microbioló—gicos - são indicadores da presença de contaminação microbiológica. A presença destes indica que poderão estar presentes microorganismos causadores ou transmissores de doenças (patogénicos). São assim indicadores de eventuais perigos para a saúde pública e a sua presença pode ser muito variável ao longo do tempo, dependendo de uma desinfeção eficaz e controlada.

Parâmetros  fi’síco-químicos - ex o alumínio (por vezes adicionado no tratamento da água), inclue uma série de parâmetros indicativos da qualidade da água que refletem o bom funcionamento dos sistemas de tratamento utilizados. 
Em concentrações, dentro dos valores paramétricos estipulados no decreto lei, estes não apresentam risco para a saúde pública.

Substâncias  tó—xicas -  o cádmio ou o chumbo, entre outros, podem induzir doenças se houver uma ingestão continuada de água com excesso destas substâncias.


De maneira, a tornar possível o controlo do sistema de Abastecimento, a EMAS de Beja, E.E.M, possui um programa de controlo de qualidade da água, constituído por dois plano de controlo de qualidade: Plano de Controlo da Qualidade da Água (PCQA) e Plano de Controlo Operacional (PCO).

Plano de Controlo da Qualidade da Água (PCQA)

Este plano, tem como primordial objetivo incidir sobre o sistema de distribuição de água do concelho de Beja, com análises realizadas em torneiras normalmente utilizadas para consumo humano, de acordo com o Decreto de Lei nº  306/2007 de 27 de Agosto.

Ainda neste documento legal, o nº1 do artigo 14º pressupõe que este plano seja submetido à apreciação da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Residuos (ERSAR) que o aprova anualmente.

Os parâmetros a analisar em cada ponto de amostragem (torneira do consumidor) diferem em função do tipo de controlo a realizar, controlo de rotina 1, 2 ou controlo de inspecção.

É essencial, garantir aos consumidores uma água com qualidade, e só se pode aferir a qualidade da água, se os planos do  PCQA   e do PCO forem cumpridos, a EMAS, tem grande preocupação em cumprir estes planos e as recomendações da ERSAR, de forma a conseguir cumprir todos os diplomas legais no âmbito da distribuição de água para consumo e acima de tudo assegurar que a água que chega à casa de  cada um dos habitantes do concelho de Beja é isenta de perigo para a saúde dos mesmos, nesse sentido ainda nesta publicação, achei conveniente dar a conhecer dados da EMAS no que diz respeito às análises realizadas no âmbito do PCQA e PCO .


Curiosidade Sobre  EMAS 

Dados da EMAS, referente ao concelho de Beja

Programa de Controlo de Qualidade da Água (PCQA) (2012)

Pontos de Amostragem : 162
Determinações efetuadas : 1687
Incumprimento de valor paramétrico: 5
Cumprimentos dos valores paramétricos da qualidade da água: 99,6%

Comparativamente aos dois últimos anos verificou-se uma melhoria significativa na percentagem de cumprimento de valores paramétricos da qualidade da água. Estes dados podem ser comprovados no gráfico seguinte: 



Fonte: Relatório & Contas de 2012 da EMAS 


Plano de Controlo Operacional

O plano de controlo operacional permite prevenir situações de risco para a saúde dos consumidores, garantir a qualidade da água distribuída e reduzir a percentagem de incumprimentos dos valores paramétricos.

Por essa razão, a EMAS,  com base num conjunto de observações continuas de todo o sistema de abastecimento, de monitorização da qualidade da água e de monitorização operacional, segue a seguinte metodologia:
  • Acompanhar, a qualidade da água bruta (sem tratamento), da água tratada, da água do reservatório e água distribuída.
A monitorização operacional permite garantir a deteção e a correção, em tempo útil, as alterações que possam ocorrer na água durante a fase de tratamento. Para essa efeito são realizadas as seguintes operações:
  • Controlos dos produtos e materiais certificados que entram em contato com a água;
  • Limpeza anual do reservatório;
  • Definição e implementação dos perímetros de proteção das captações;
  • Verificações periódicas dos níveis de água nos reservatórios e captações;
  • Realização de análises microbiológicas e físico-químicas;
  • Aplicação de planos de manutenção preventiva e de calibração para os equipamentos de tratamento (doseadoras, etc) e medida.
No caso da EMAS, o controlo operacional é adaptado ao sistemas de abastecimento e ás características do ponto de controlo: 


Fonte: Relatório & Contas de 2012 da EMAS
Fonte: Relatório & Contas de 2012da EMAS


Número de determinações : 10994
Pontos de Amostragem: 87
% de cumprimentos dos valores paramétrica da qualidade da água: 99%


No âmbito deste estágio, foi-me possível ter contacto direto com a realidade que se vive no departamento de Qualidade da EMAS.
Tive a oportunidade de participar em algumas atividades respeitantes ao controlo operacional que é realizado pelos colaboradores da EMAS, nomeadamente:

  • medições do nível da água em poços e furos, com recurso a uma fita métrica, que assim que toca na água emite um sinal sonoro;
  • substituição de filtros; 
  • adição de hipoclorito de sódio;
  • medição de cloro livre com o auxilio do colorímetro;
Medição do nível da água no furo
 Vale de Russins
Substituição de Filtros
Vale de Russins












Fontes:
Decreto - Lei nº 306/ 2007 de 28 de Agosto," estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano."
Controlo da Qualidade da Água, Para Consumo Humano em 2000, Direção de Obras do Ambiente.
Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos
Relatório de Contas, 2011, Empresa Municipal de Águas e Saneamento de Beja.
Relatório& Contas 2012, Empresa Municipal de Águas e Saneamento de Beja









domingo, 21 de abril de 2013


Qualidade da Água IV- Plano de Segurança da Água




O plano de Segurança da Água (PSA), segundo as Guideline for Drinking Water Quality (GDWQ) da Organização Mundial de Saúde, pode definir-se como sendo um documento que:

  • Identifica os riscos plausíveis que se podem verificar num sistema de abastecimento, desde a origem da água bruta até à torneira do consumidor;
  • Estabelece medidas de controlo para reduzir ou eliminar os riscos identificados;
  • Estabelece processos de verificação da eficiência da gestão dos sistemas de controlo e a qualidade da água produzida.
O principal ímpeto do PSA é assegurar a qualidade da água para consumo humano através da utilização de boas práticas no sistema de abastecimento de água, tais como:
  • Minimização da contaminação nas origens de água;
  • Redução ou remoção da contaminação durante o processo de tratamento;
  • Prevenção de pós contaminação durante o armazenamento, a distribuição e o manuseamento da água na distribuição.
Os principios e métodos utilizados na elaboração do PSA, baseiam-se em procedimentos aplicados na identificação e avaliação de riscos, como é o caso do Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP).

Na produção de água potável o objetivo da metodologia do sistema HACCP é a garantia da segurança e da qualidade da água produzida e distribuída aos consumidores, através de um plano (PSA) que permita controlar todas as etapas do produto em que há perigos de contaminação, desde a captação ate ao consumidor final, prevenindo problemas e elevando a segurança do produto final com uma relação eficiência custo muito favorável.

Para a implementação do PSA devem ser descritos todos os produtos e matérias-primas, todos os processos envolvidos, as condições de distribuição e de aprovisionamento e as características do produto final pretendido, assim como a identificação da sua aplicação e dos consumidores tipo, procurar saber e identificar a existência de um grupo populacional especifico para os quais o produto final apresente um risco acrescido, definir e verificar o diagrama de fluxo, descrever detalhadamente todas as etapas envolvidas no ciclo de produção e efectuar um análise dos possíveis perigos para a saúde pública. (Vieira, et al, 2005).

Em termos legislativos, ainda não existe nenhum tipo de obrigatoriedade por parte das entidades gestoras em desenvolverem planos de segurança da água nos seus sistemas de abastecimento, no entanto a sua existência considera-se ser uma mais valia no que diz respeito à qualidade e segurança a transmitir aos consumidores.

A EMAS, em colaboração com a ERSAR, elaborou o plano de segurança da água para a Localidade de Vale de Rossins, distrito de Beja, estando neste momento em fase de desenvolvimento o plano de Segurança da Água da referida cidade.


Fontes:

Guidelines for Drinking-water Quality, Organização Mundial de Saúde

ERSAR, Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos
EMAS, EEM, Empresa Muncipal de Água e Saneamento de Beja

domingo, 14 de abril de 2013

Qualidade da Água III- Emergência em Saúde Ambiental

Enquadramento 


Sismo de 1755, Lisboa
O ser humano sempre teve de lidar com catástrofes naturais "imprevisíveis", algumas das quais têm uma componente antropogénica (consequência da actividades humanas).

Situação de Desastre, considera-se como sendo decorrente da qualificação e quantificação dos danos humanos e materiais após a ocorrência de um fenómeno natural (chuvas intensas, deslizamentos, sismos etc). 

Tsunami, 2004
Na perspetiva da Saúde Pública, os desastres definem-se como sendo os efeitos que a ocorrência de um determinado acontecimento tem sobre as pessoas, sobre infraestruturas e serviços. 

Os principais efeitos em situação de desastre sobre a saúde das populações são os ferimentos, óbitos, traumatismos e epidemias, no entanto os efeitos na saúde das populações expostas a situações de emergência não são apenas físicos, podendo ser também de origem psicossocial.

A gestão da Emergência 

A segurança humana só está garantida quando existem meios de defesa contra situações imprevisíveis que podem originar perturbações na vida e na subsistência de povos. 

Poucos recursos têm uma influência tão decisiva na segurança humana como a água. 

Em situação de emergência, é imprescindível assegurar ás populações afetadas não apenas água tratada para consumo como também, alimentação, cuidados de saúde, e um bom sistema de saneamento.


Uma vez que me encontro a estagiar na EMAS, Empresa Municipal de Água e Saneamento, de Beja, o tema que vou abordar em concreto, inserido no contexto "Emergência em Saúde Ambiental", é o fornecimento de água tratada ás populações. 

Em caso de emergência, (catástrofes ou qualquer falha no sistema de distribuição )e cuja rede de distribuição de água tenha sido afectada, e que  por essa razão o abastecimento de água não possa ser realizado da forma normal, a EMAS tem ao seu dispor camiões cisterna, que permitem assegurar à população a distribuição de água tratada. 

Para que tal seja possível de realizar, não basta encher o camião- cisterna com água e distribui-la, pois é certo que a simplificação do processo de distribuição de água através camiões-cisterna, pode implicar consequências negativas na saúde pública dos consumidores desta água, como por exemplo através da  transmissão de doenças de origem hídrica.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das diarreias agudas registas no mundo estão relacionadas com consumo de água imprópria para consumo e não tratada. Estes casos resultam em 1,5 milhões de mortes a cada ano, afetanto principalmente crianças e idosos, devido à desidratação, no entanto em caso de emergência, os grupos de risco podem ser alterados abrangendo um maior número de pessoas  que por suas vez correm sérios risco de contrair doenças de origem hídrica.

As principais doenças relacionadas com a ingestão de água contaminada são: cólera, febre tifóide  hepatite A e doenças diarréicas agudas (Ameba, Giárdia, Cryptosporidium, Cyclospora.).
Algumas destas doenças possuem um elevado potencial de disseminação, transmitindo-se de pessoa para pessoa (via fecal-oral), aumentando assim a sua propagação na comunidade.

Por tudo isto é necessário assegurar, que a água fornecida por meio de camiões-cisterna,  possa ser uma água tratada e que não implique quaisquer tipos de riscos para aqueles que dela dependem, por essa razão, e face a tudo aquilo que já referenciei nesta publicação, vejo que a EMAS, premeia, acima de tudo a saúde dos seus consumidores, seja através do fornecimento de água pelo sistema normal de abastecimento ou através da utilização de camiões-cisterna. 

Pois, no âmbito da Qualidade, tive a possibilidade de aferir que existe um plano de controlo de qualidade no que diz respeito ao abastecimento de água com recurso a camiões-cisterna.

O plano de controlo de qualidade tem como objectivo estabelecer os procedimentos e as metodologias utilizadas nas  operações  de higienizarão de camiões-cisterna utilizados na distribuição de água para consumo humano, bem como os testes de controlo da eficácia desta operação, pois não importa apenas que a água esteja tratada e que possa ser consumida, se não existir uma boa higienização dos sistemas de abastecimento a mesma ficará conspurcada e imprópria decorrendo assim implicações na saúde dos consumidores.

Generalidades

Antes da sua utilização (camiões-cisterna) deverão ser sujeitos a uma higienização eficaz e que permita garantir a qualidade microbiológica e físico-química da água distribuída aos consumidores.

Nota: Quando é necessário que o fornecimento de água destinada ao consumo humano seja através de camiões-cisterna, deve-se informar os consumidores para a preocupação de ferver a água antes da sua utilização para beber ou preparar alimentos.

Origem da água a utilizar na Distribuição de água em Camioes cisterna:

A origem da água a utilizar para distribuição  de água para consumo humano devem satisfazer os requisitos impostos pela legislação vigente (Decreto-Lei 306/2007 de 27 de Agosto). 

Por isso, utilizam-se as bocas-de-incêndio da rede de distribuição, no entanto em caso de emergência muito possivelmente não podaremos recorrer a estes meios para encher o camião-cisterna, nestes casos podemos recorrer ás captações subterrâneas,  caso se consiga assegurar que os parâmetros de qualidade cumpram os valores paramétricos exigidos nos diplomas legais para o efeito.

Higienização de Camiões-Cisterna utilizados na Distribuição de água para consumo humano:

Metodologia:
  • Todas as superfícies internas da cisterna deverão ser lavadas com um jacto de água clorada, à pressão de aproximadamente 5bar.
  • Procede-se ao enchimento da cisterna até ao valor de segurança para o seu transporte.
Controlo da Qualidade da Água

De maneira a que seja possível atestar a qualidade da água para consumo humano quando esta é distribuída por camião-cisterna, realiza-se um controlo da qualidade da água de acordo com:
  • Caso o camião-cisterna seja esvaziado e novamente cheio com água da rede de distribuição (bocas de incêndio ou captações subterrâneas , e de acordo com os valores paramétricos legais, não se torna necessário a sua monitorização nas 48h seguintes;
  • Se não for realizado o seu esvaziamento durante esse período  torna-se necessário proceder à análise da água segundo os seguintes parâmetros: E.colli, pH, condutividade e desinfetante residual;
  • Para períodos de armazenamento superiores a 96h sem renovação, e apesar de não se considerar uma boa prática, é necessário proceder à análise da água segundo os seguintes parâmetros  bactérias coliformes, E.colii, Enterococos, Número de Colónias a 22cº e 37º c  e clostridium perfringens; pH, condutividade, cor, turvação, cheiro, sabor, ferro, manganês, desinfectante residual, amónio e alumínio;
  • Se os camiões-cisterna forem utilizados por um período de tempo alargado, deve-se ter em consideração a informação contida nos pontos anteriores;

Higienização de Camiões-Cisterna Utilizados na Distribuição da Água para Consumo Humano. Serviço de EStudos, Controle e Qualidade, Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja, E.EM. Novembro 2009.






Fontes:

António Matos ‐Departamento de Saúde Pública da ARSLVT, IP, Aimportância da vigilância sanitária e da avaliação dosriscos para a saúde pública no âmbito da água para consumo humano na Região de Lisboa e Vale do Tejo
Departamento de Saúde Pública, Grupo Técnico de Proteção Civil,Proteção Civil e Autoridade de Saúde
estrutura, articulação e atribuições.
Relatório de Desenvolvimento Humano, 2006

DOENÇAS RELACIONADAS À ÁGUA OU DE TRANSMISSÃO HÍDRICA ‐ Perguntas e Respostas e Dados Estatísticos –Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – SES/SP Coordenadoria de Controle de Doenças ‐ CCD Centro de Vigilância E pidemiológica – CVE/CCD Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar –DDTHA/CVE.
Higienização de Camiões-Cisterna Utilizados na Distribuição da Água para Consumo Humano. Serviço de EStudos, Controle e Qualidade, Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja, E.EM. Novembro 2009 (não disponível em formato digital).
Decreto de Lei nº 306/2007 de 27 de AgostoO presente decreto -lei estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano









domingo, 7 de abril de 2013

Qualidade da Água II

Na publicação anterior, o tema abordado foi a captação e distribuição da água que abastece a cidade de Beja, de uma forma muito sucinta a água  que abastece a cidade de Beja, é maioritariamente de  origem superficial mais precisamente da barragem do Roxo, no entanto a água que tem como função satisfazer as nossas mais variadas necessidades não tem toda a mesma origem.

Existem aldeias e vilas, ao redor da cidade de Beja que não são abastecidas pelo Roxo, mas sim através de outro tipo de captações. 

Por exemplo na aldeia de Vale dos Rossins, a água que chega ás torneiras dos seus habitantes é proveniente de três captações com características diferentes, nomeadamente um poço e dois furos.


Poço de Vale de Russins
Poço - abertura profunda cavada no solo, geralmente com parede de alvenaria, de que se tira água para uso caseiro ou industrial.




Perfil de um Furo
Furo-  perfuração no solo, que atravessa aquíferos e de onde pode ser extraída água para consumo.

Em Vale de Russins a água é de origem subterrânea,  mais precisamente de um poço e dois furos.

Medição do Nível da Água no Furo em Vale de Russins
Junto das captações, encontramos uma pequena casa, denominada de "caseta", é aqui que se processa o tratamento da água preveniente das referidas captações. É  importante salientar que o tratamento a utilizar depende das características originais da água captada, no caso em particular de Vale de Russins para tratar a água é utilizado o processo de microfiltração, desinfecção e por vezes dependo dos resultados analíticos da água, se esta tiver concentrações elevadas de ferro e manganês recorremos ao desferrizador (permite retirar ferro da água) para assim  ser possível cumprir os valores paramétricos, afixados na legislação em vigor (Dec-lei nº 306/2007 de 27 de Agosto).

Microfiltração
Microfiltração - é um processo de separação de membranas em que a força directriz é a diferença de pressão através da membrana e os poros da membrana.  No caso da aldeia de Vale de Russins as membranas por norma utilizadas possuem  poros de dimensão de 50 e 75 micro.






Desferrizador- são filtros automáticos concebidos para remover o ferro e o manganês da água.


Hidropressor de Vale de Russins
O último passo, para que a água possa ser chegar a cada uma das habitações de Vale de Russins, é necessário introduzir pressão na água, com recurso à utilização de um hidropressor, por fim a água já tratada é armazenada, e disponível para que cada habitante a possa utilizar. 








sexta-feira, 29 de março de 2013



QUALIDADE DA ÁGUA I



Segundo a ERSAR, (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), a qualidade da água para consumo humano é um indicador essencial para a avaliação do nível de desenvolvimento de um país e do bem- estar da sua população.

Em Portugal tem-se verificado uma evolução muito positiva, quer quanto à qualidade da água distribuída  quer quanto à realização do número de análises obrigatórias  para o seu controlo. 

Com efeito, os últimos dados nacionais conhecidos não deixam quaisquer dúvidas sobre este assunto, evidenciando uma clara melhoria no controlo da qualidade na última década. Esta situação requer, no entanto, um investimento adicional em acções e medidas que permitirão atingir a meta do Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais 2007-20013 (PEAASAR II) de 99% para o indicador de água segura (água controlado e de boa qualidade), correspondente a 100% de análises realizadas  e 99% de cumprimento dos valores paramétricos especificados na legislação.

Como seria de esperar a EMAS, (Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja), tem como directrizes para proporcionar aos seus utentes/consumidores uma água de qualidade e controlada, sem nunca colocar em risco a saúde pública de todos aqueles que desta água se servem para as mais variadíssimas situações do seu dia à dia, a ERSAR  e no âmbito legal, o Decreto - Lei nº 306/ 2007 de 27 de Agosto, que " estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano".

No Decreto - Lei 306/2007 de 27 de Agosto, " estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano", são  descritos alguns conceitos, que acho importante mencionar, para tornar mais fácil a compreensão da temática presente nesta publicação, nomeadamente:


  • Entidade Gestora de Sistema de Abastecimento Público- entidade responsável pela exploração e gestão de um sistema de água para consumo humano, através de redes fixas ou de outros meios de fornecimento de água, no âmbito das atribuições de serviço público;
  • Entidade Gestora de Sistema de Abastecimento Público em alta- a entidade responsável por um sistema destinado no todo ou em parte, ao represamento, à captação, à elevação ao tratamento, ao armazenamento e à adução (transporte) de água para consumo público;
  • Entidade Gestora de Sistema de Abastecimento Público em baixa- a entidade responsável por um sistema destinado, a todo ou em parte, ao armazenamento, à elevação e à distribuição de água para consumo público aos sistemas prediais, aos quais liga através de ramais de ligação;
  • ETA (Estação de Tratamento de Água)- uma estação de tratamento de água para consumo humano, a qual, na sua forma mais simples, é constituída apenas por desinfecção;
Sistema de Abastecimento da Cidade de Beja

"Sistema de abastecimento, caracteriza-se como sendo o conjunto de equipamentos e infra-estruturas que englobam a captação, o tratamento, a adução (transporte), o armazenamento e a distribuição da água para consumo humano" Decreto - Lei 306/2007 de 27 de Agosto.

No caso em particular da cidade de Beja, o Sistema de Abastecimento é da responsabilidade das Águas Públicas do Alentejo, a água que chega às nossas casas é proveniente da Barragem do Roxo.
Na barragem a água é captada através da torre de capatação, prosseguindo até  à ETA (Estação de Tratamento de Água),  aqui a água vai posteriormente ser tratada. 

O tratamento pode ser feito através de processos como por exemplo Pré Oxidação Química, Correcção de pH, Coagulação, Floculação, Decantação, Filtração, Adsorção com carvão activado e Desinfecção.

( A partir de 1 de Julho de 2010, a Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja, EEM, passou a adquirir a água de abastecimento para a população do Concelho de Beja, em baixa, à empresa Águas Públicas do Alentejo, S.A, estando a captação e o tratamento ao cargo da referida empresa, situando-se o Ponto de Entrega a Beja no Reservatório da Atalaia).



Daqui a água tratada e que tem como finalidade chegar às habitações de cada um dos consumidores passa a ser da responsabilidade da Entidade Gestora de Sistema de Abastecimento Público em baixa que neste caso em particular é a EMAS (Empresa Municipal de Água e Saneamento.)


Rede de Distribuição de Água - Sistema Roxo- Beja

A água de abastecimento a este sistema é disponibilizada pela empresa Águas Públicas do Alentejo S.A, em alta, até ao reservatório da Atalaia. 

Esta entidade é responsável por garantir o fornecimento de uma água de qualidade e quantidade de acordo com a legislação em vigor à saída da Atalaia, ou seja, no ponto de entrega em alta.
Distribuição da água para o Sistema Do Roxo (Engª Gabriela Palma)

Deste reservatório, a água, vai até à Estação Elevatória da Pia Quebrada por processos de gravidade, onde posteriormente vai ser elevada por intermédio de três circuitos, para três patamares de pressão diferentes.

Os três circuitos de abastecimento em causa são: zona alta, zona baixa e zona inferior.

É imprescindível a existência de EE (estações elevatórias), pois estas permitem que a água seja elevada a cotas superiores da cidade, isto porque, devido às características geográficas da cidade acima citada (altos e baixos), sem tais Estações, não seria possível à EMAS, fornecer água a todos os habitantes da cidade de Beja.

Desinfecção

Nas estações elevatórias, nomeadamente na Pia Quebrada, para além da elevação da água às diferentes zonas da cidade, a EMAS, tem a preocupação de fazer reforços de desinfeção à água proveniente do Ponto de Entrega (Reservatório da Atalaia), desta forma é possível garantir que a água que chega aos consumidores finais, seja uma água tratada e de qualidade e que nunca coloque em causa a saúde pública de qualquer dos seus consumidores.


Gerador de Dióxido de Cloro
O dióxido de cloro é o desinfetante utilizado para o reforço de cloragem da água a elevar paras as zonas alta, baixa e inferior. Este, é produzido nas próprias estações elevatórias, o dióxido de cloro consegue-se através da reacção entre vários componentes (água, ácido clorídrico e clorito de sódio).

Nota: Este desinfetante também é utilizado no processo de desinfeção final integrante do processo de tratamento na ETA do Roxo.


Por forma a estabelecer os valores de cloro residual mínimos na rede de distribuição são doseados entre 0,25 a 0,40 mg/l de dióxido de cloro, dependente da zona (0,25 para as zonas alta e baixa e 0.40 para a zona inferior).
Para cada um dos circuitos está instalado um gerador de dióxido de cloro com uma capacidade de produzi 150 g/h de dióxido de cloro cada.

De maneira a ser possível o controlo do valor de desinfetante residual na água presente na conduta, existe instalado na EE Pia Quebrada um analisador de dióxido de cloro e o respetivo controlador.






Das estações elevatórias, a água vai ser armazenada em vários reservatórios, colocados em pontos estratégicos da cidade (Ex Reservatório da Praça, Reservatório dos Falcões...) mediante a zona a que se destina é importante salientar que no reservatório a água esta em constante renovação e movimento, pois da mesma forma que está sempre água a entrar, existe água sempre a sair o que possibilita manter a água com qualidade, nunca se tornando salobra, outra medida de controlo de qualidade, implementada pela EMAS, são as colheitas de amostras de água presente nos reservatórios.

O processo termina com o transporte da água através de condutas e ramais até a casa de cada um dos habitantes da cidade. (condutas e ramais que neste momento estão a ser substituídos devido à antiguidade dos mesmos.)

Desta forma, penso ter conseguido resumir a forma como a água depois de captada chega às nossas casas, descrito desta forma, parece simples, no entanto é um processo, muito meticuloso e rigoroso, pois qualquer falha, pode colocar em causa a saúde dos seus consumidores, por isso, e sabendo os risco associados à actividade a EMAS, demonstra grande preocupação e interesse para que não ocorra nenhum erro ou falha. 

Aqui ficam algumas fotos captadas aquando da visita a toda a rede de distribuição:

Reservatório da Praça
Reservatório da Conceição
Reservatório dos Falcões que
abastece a Zona Inferior da Cidade



Estação Elevatória da Mata, abastece a Zona Baixa e
 em Caso de Emergência também abastece a Zona Alta


Estação Elevatória da Pia Quebrada,
 com os diferentes Circuitos, Zona Alta, Zona Baixa e Inferior

Reservatório da Mata





















































Fontes:

ERSAR- Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos
Agda - Águas Pública do Alentejo
DRE- Decretos de Lei nº 306/2007 de 27 de Agosto, estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano".
Palma, Gabriela, Distribuição da Água tratada - Sistema do Roxo-Subsistema  de Beja, EMAS,formato pdf e não disponível  online 2013.
Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento  e de Águas Residuais.