quarta-feira, 8 de maio de 2013


Projeto Heróis da ÁGUA JÁ É NOTÍCIA 



" A equipa da Empresa Municipal de Água e Saneamento (EMAS) de Beja sabia que tinha em mãos um projeto "interessante" mas não  estava preparada para o sucesso que os Heróis da água tem tido junto da comunidade educativa. Em 8 meses de trabalho, já realizou mais de 40 sessões, chegou a cerca de 1400 alunos do concelho, e deu novo amigo à pequenada. A mascote Heróis da Água, uma gota de água com tamanho de gente cujo comportamento responsável todos querem imitar. Para bem do planeta. "

in, Diário  do Alentejo



No passado dia 29 de Abril, realizámos, mais uma das sessões Heróis da Água, junto de alunos do 3º ciclo, mas esta sessão foi especial contou com a presença do diário do Alentejo. 



A pergunta apanha a turma de surpresa, pouco passa das 8 e 30 da manhã de segunda-feira. “Alguém sabe a origem da água que se bebe em Beja?”. Os adolescentes, divididos em grupos pelas mesas altas de laboratório, remetem-se ao silêncio, enquanto os planetas do sistema solar lhes pendem, coloridos, sobre as cabeças. “É a albufeira do Roxo” responde uma das dinamizadoras da sessão, apontando o início do ciclo urbano da água, que passa a explicar no power point projetado. Da captação ao tratamento, na ETA do Roxo; do transporte até à cidade e freguesias, através de condutas, a chamada adução; passando pelas estações elevatórias, que são necessárias para atingir pontos mais altos dos aglomerados; e ainda pela distribuição, dos reservatórios até às casas. Um gesto fácil, este de rodar a torneira para lavar as mãos ou encher um copo, deixa assim cair a aparência de passe de mágica para revelar uns bastidores onde cabe muita gente. “Passei a valorizar mais a água que me chega à torneira e as pessoas que tornam isso possível. Não tinha a noção de todo o trabalho que está por detrás”, comenta Miguel Carvalho, de 15 anos, aluno da turma do 9.º ano da Escola de Santa Maria que, desta vez, recebeu a equipa do projeto Heróis da Água, em mais uma das sessões “EMAS vai às escolas”.  


A equipa é extensa e tem o guião bem sabido, escrito a pensar na maior maturidade dos jovens do terceiro ciclo. Além dos representantes da Empresa Municipal de Água e Saneamento (EMAS) de Beja, o promotor, também lá estão na sala de ciências uma professora da Escola Bento de Jesus Caraça, instituição parceira no projeto, e respetivos estagiários do curso de técnico de Gestão do Ambiente, além de três alunos, também estagiários, do curso de Saúde Ambiental, da Escola Superior de Saúde de Beja. Todos têm o seu papel e aguardam a deixa. Desta vez, não haverá mascote, uma gota de água em tamanho de gente, já batizada pelos mais novos como Herói da Água, nem tão pouco por lá andará a conhecida dupla de palhaços, um trapalhão e o outro que tudo sabe sobre as boas práticas que se devem respeitar para um uso eficiente da água. A abordagem, diferente da que é usada com os meninos do pré-escolar, é mais teórica e menos lúdica. “Explicamos o ciclo urbano da água, com a preocupação de que eles tentem perceber que a água consumida em casa é segura, porque há determinações que a empresa faz em laboratório para controlar a sua qualidade”, descreve Margarida Raimundo, coordenadora de curso na Escola Profissional Bento de Jesus Caraça. Depois de uma demonstração do processo de recolha de água, tal e qual ele é feito no terreno pelos profissionais, as amostras chegam às mesas da sala de ciências para serem testadas quanto ao PH, condutividade, temperatura, turvação e cloro. É a chamada determinação de parâmetros. Numa folha os alunos registam os valores obtidos e admiram-se com o rigor. Simão Correia, 14 anos, confessa que ficou “mais descansado”. O que leva para casa, adianta, não são tanto as dicas de poupança de água, que já conhece e pratica, quando, por exemplo, mantém a torneira fechada enquanto lava os dentes, mas mais “a certeza de que a EMAS nos transmite água de qualidade para as casas”. 

A propósito de qualidade, a equipa do Heróis da Água não podia despedir-se sem antes explicar onde não é seguro beber água e porquê. Os poços e fontanários, que escapam ao controlo da rede pública, são um tema sensível. Pelas mesas vão passando caixas de cultura com alguns dos microrganismos presentes na água contaminada, para que não restem dúvidas. O que veem não é bonito; os alunos fazem esgares, contorcem-se. Mas Beatriz Silva, de 14 anos, não se deixa convencer por completo. Defende a tese de que não é assim tão perigoso beber água das fontes “de vez em quando”, porque os “microrganismos também ajudam o nosso organismo a ter mais capacidade de defesa”. Na opinião da professora Margarida Raimundo, esta é a informação que mais tem surpreendido os alunos. “Ouvimos muito dizer ‘os meus pais bebiam dessa água e nunca lhes fez mal’”, mas a verdade é que se trata “de uma água que não é controlada e, como tal, que não se aconselha a ser consumida”. 

Como usar a água de uma forma eficiente é outro dos pontos da sessão mas a maior parte dos alunos demonstra conhecer já as principais dicas de poupança. Aos 15 anos, Margarida Gomes diz que não gosta “nada de desperdiçar água” e atribui este seu princípio de vida à “mãe e às várias campanhas”.  “Procuro lavar os dentes com a torneira fechada e tomar duche em vez de banho de imersão. O meu irmão gosta de tomar banhos de imersão mas eu obrigo-o a não tomar porque eu sou bué de fixe”, orgulha-se.  

Para terminar, fala-se do uso eficiente da água e fornecem-se alguns dados que ajudam a perceber a urgência de alterar hábitos de consumo.  O planeta Terra tem uma quantidade fixa de água desde a sua formação, o que significa, alerta um dos dinamizadores “que bebemos hoje a mesma água que os dinossauros já bebiam”. Entretanto, fomos povoando o planeta e multiplicando a espécie sem que a quantidade deste recurso tivesse mudado. Somente menos de um por cento da água do planeta pode ser bebida. Em 2012, as famílias do concelho de Beja gastaram uma média de 158 litros de água por dia, 67 por cento dos quais usados nas instalações sanitárias. Os números estão aí e pedem para que cada um de nós, novos ou velhos, seja um bocadinho herói da água, à sua escala, à sua maneira.




Beber água da torneira é seguro e mais económico O projeto Heróis da Água arrancou no início do ano letivo de 2012/2013 e vem ganhando uma dimensão na comunidade educativa que suplantou até as melhores expetativas da entidade promotora. No terreno há oito meses, a vertente de sensibilização ambiental “EMAS vai às escolas”, que lhe tem dado mais visibilidade – há também as do envolvimento da comunidade e de incentivo à investigação, através de concursos lançados a alunos do 3.º ciclo, secundário e ensino superior – já realizou mais de 40 sessões onde participaram cerca de 1400 alunos de todo o concelho, entre o pré-escolar e o 3.º ciclo. Tendo surgido “como uma forma de tentar aglutinar num projeto contínuo e mais consistente algumas atividades dispersas ao nível da educação e da sensibilização ambiental”, rapidamente foi ganhando adeptos e as solicitações das escolas não param de chegar, inclusivamente de fora do concelho. “A aceitação foi de tal ordem que nós, a dada altura, tivemos alguma dificuldade, até em termos logísticos, de dar resposta. Mas temos uma parceria muito importante com a Escola Profissional Bento de Jesus Caraça e contamos também com a ajuda de estagiários da Escola Superior de Saúde. É uma experiência única na região e aquilo que nós estamos agora a perceber é que isto não vai poder parar”, reconhece Rui Marreiros, diretor delegado da EMAS de Beja. Até porque a mascote Herói da Água já conquistou o afeto da pequenada: “É o amiguinho que tem o comportamento correto, as crianças reconhecem isso e tentam imitá-lo nessas boas práticas”. 

A mensagem chave das sessões anda à volta de três temas: o uso eficiente, divulgando hábitos de poupança; o consumo seguro, alertando-se para o perigo de beber água em poços e fontanários que não são alvo de tratamento; e ainda o desmontar de um receio enraizado, o de beber água da torneira. “Criou-se essa ideia ao longo dos anos, houve problemas históricos relativamente ao tratamento que era dado à água e isso causou algum distanciamento face ao consumo direto da água da torneira. Há pessoas que dizem que a água da torneira sabe mal, mas depois nós convidamo-las a provar a água em ações que temos feito e elas ficam surpreendidas”, explica o responsável, acrescentando as vantagens, também económicas, de se consumir água da rede pública. “Além da segurança, que está garantida, ao contrário do que acontece com a água dos poços e fontanários, em termos económicos é uma poupança enorme. O custo de uma garrafa de água de litro e meio equivale praticamente a mil litros da água da torneira”. 

O projeto encerrará a partir de junho, coincidindo com o fim do ano letivo, e está já prevista uma grande iniciativa para o Dia da Criança, no primeiro dia do mês. Será uma espécie de “festival de verão dos Heróis da Água, para o qual queremos convidar toda a comunidade educativa num dia dedicado ao projeto, com muitas atividades”, desvenda Rui Marreiros, anunciando também a necessidade de uma “reflexão” final, para balanço e planeamento do novo ano, previsivelmente com um novo tema, sendo que 2012/2013 se centrou na questão do uso eficiente da água.  Entretanto, a equipa já dispõe de uma unidade móvel, inaugurada na última edição da Ovibeja e dotada de todas as condições para receber sessões. E pondera, no futuro, deslocar-se “pontualmente” a outros concelhos. “É uma forma de ‘exportar’ o conceito e também mostrar o que de bom se faz em Beja”, conclui Rui Marreiros.  

in Diário do Alentejo



É gratificante para mim, poder ver reconhecido, todos o esforço e empenho que tenho dedicado a esta projecto "Heróis da Água."


Aqui ficam algumas fotos dessa sessão:









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