domingo, 21 de outubro de 2012


Programa REVIVE (Captura de Culicideos ( os conhecidos
mosquitos) e ixodideos (as conhecidas carraças).


No ano de 2008, iniciou-se o Projecto Rede de Vigilância de 

Vectores – REVIVE, que resultou da parceria entre a 

Direcção-Geral da Saúde, as Administrações Regionais de

Saúde e o Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge ( Centro de
Estudos de Vectores de Doenças Infecciosas )

O programa  REVIVE tem como objectivo principal a determinação do nível de risco associado à presença de culicídeos (mosquitos) no território português e também à caracterização dos ixodídeos (carraças).

No âmbito do Programa REVIVE, o contributo dos Técnicos de Saúde Ambiental, recorrendo a técnicas específicas, consiste em efectuar a recolha de mosquitos adultos, de larvas e de carraças, para que desta forma possam ser objecto de identificação e de outros estudos, podendo contribuir para a caracterização de exemplares existentes nas várias áreas geográficas de onde são capturados.

Assim é possível contribuir para o geoprocessamento de informação útil, pela DGS, de medidas e acções de vigilância e controlo das doenças transmitidas aos seres humanos pelos insectos e pelas carraças.


Os ixodídeos ou Carraças


“Os ixodídeos, também designados por carraças, são artrópodes hematófagos estritos ectoparasitas de vertebrados  terrestres. Estes artrópodes estão presentes em quase todas as regiões zoogeográficas. Embora sejam considerados zoofílicos, são várias as espécies associadas à transmissão ao Homem de importantes agentes etiológicos, responsáveis pelo aparecimento de diversas doenças infecciosas.”( M.ª MARGARIDA SILVA, A SOFIA SANTOS, PERPÉTUA FORMOSINHO, FÁTIMA BACELLAR Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Lisboa.)

A carraça, enquanto portadora de microrganismos, constitui um perigo para a saúde animal e, também, para a saúde pública.



Formas de transmissão


As carraças são parasitas que se instalam na pele, que se alimentam do sangue e que podem transmitir doenças graves, tanto ao animal como ao homem.



Na maior parte dos casos, as carraças precisam de estar fixas ao seu hospedeiro durante pelo menos 24 horas para transmitirem os microrganismos causadores da doença, dependendo do agente patogénico. 



Os vírus podem ser transmitidos em minutos, embora as bactérias e os parasitas precisem de mais tempo.

As carraças depositam os seus ovos no solo, em vegetação de dimensão média e alta, que apresentem algum grau de humidade. No verão, e especialmente nas horas mais frescas do dia (de manhã ou ao final da tarde), as carraças instalam-se na ponta das ervas e arbustos, sendo por isso mais fácil a sua passagem para os animais e para o homem.
Os locais que apresentam maior risco são os parques e jardins, havendo também uma maior prevalência de carraças na zona interior do país.


Tipos de doenças transmissíveis por carraças



As doenças transmissíveis por carraças representam um perigo para o animal e para o ser humano, pelas consequências que acarretam e que podem levar à morte, caso não seja feita uma intervenção rápida.


Segundo "Formação Revive, Instituto Nacional de Saúde, Dr Ricardo Jorge",em Portugal, o número de doenças transmissíveis por carraças tem vindo a aumentar nos últimos anos, devido ao aumento das temperaturas que se têm feito sentir.

Nem todas as carraças estão infectadas por agentes patogénicos, pelo que a sua picada poderá não ter consequências mais graves do que uma pequena espoliação de sangue e inflamação local.

De uma maneira geral, nos humanos, os sinais clínicos começam com uma pequena úlcera vermelha coberta por uma espécie de borbulha negra no local da picada da carraça na pele e, passados alguns dias, podem aparecer sintomas de febre, dor de cabeça, erupções cutâneas, mialgias, náuseas e vómitos, dor abdominal, conjuntivite, gânglios linfáticos aumentados, diarreia, perda de equilíbrio, estado mental alterado, artrites e icterícia.


Reflexão:


Considero este tema pertinente e importante, daí partilhar com todos através do meu blog, tal como foi evidenciado anteriormente este tema não deve ser ignorado pois caso contrário poderão advir consequências graves para a nossa saúde.


Durante esta semana, chegou ao centro de saúde uma criança de 5 anos, cuja mãe suspeitava que filha tinha uma carraça na axila, fomos chamados junto da criança para confirmar se efectivamente se tratava de uma carraça.

As carraças Durante o seu ciclo de vida, assumem 4 formas evolutivas: Ovo, Larva, Ninfa e Adulto, no caso desta criança tratava-se  de uma larva era difícil confirmar se era mesmo uma carraça visto a sua dimensão ser muito pequena. Realmente a criança tinha consigo uma carraça. Procedemos à sua retirada, colocamo-la num tubo de ensaio com uma folha de ramagem para manter os níveis de humidade favoráveis à sua sobrevivência para desta forma ser enviada para oCentro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas (CEVDI), no Instituto Dr.Ricardo Jorge, para que se possa comprovar se a carraça estava ou não infectada com febre da carraça.

Segundo a mãe da criança esta poderá ter apanhado a carraça num parque local, ou na casa de uma vizinha onde coabitam animais de estimação.


PREVENÇÃO é a chave para impedir a infestação por carraças e evitar a transmissão destas doenças.


O período de maior risco de infestação por carraças ocorre entre Abril e Outubro, mas o seu controle deve ser feito durante todo o ano! Evite passear o seu cão e/ou gato por zonas de vegetação intensa e mantenha-o desparasitado.







Tal como referenciado no início desta publicação, o programa REVIVE, contempla também a captura de Culicídeos (mosquitos) e larvas.


À semelhança da carraça, também os mosquitos provocam doenças, que constituem graves problemas de Saúde Pública.


“A maior parte dos agentes de doença transmitida por vectores exigem um padrão sazonal distinto, o que sugere, muito claramente, que os parâmetros climáticos são importantes na epidemiologia das doenças transmitidas por vectores. Alguns factores climáticos como a temperatura, precipitação, humidade e a velocidade e direcção do vento influenciam fortemente a ecologia (multiplicação), desenvolvimento, comportamento e sobrevivência dos vectores e hospedeiros, e consequentemente a dinâmica da transmissão da doença.” (Formação Revive, Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Dr. Francisco Cambournac / Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge).


Os mosquitos efectuam a postura de ovos  em qualquer zona húmida ou de água parada, preferencialmente fossas, esgotos, águas estagnadas e poluídas. A maioria dos mosquitos adultos vive no exterior. Durante o dia estão inactivos em zonas resguardadas e sombrias; à noite, as fêmeas, hematófagas (fazem refeição de sangue), retomam a actividade para se alimentarem, picando indiferenciadamente humanos e animais.



Ciclo de desenvolvimento




Distinguem-se quatro estadios de desenvolvimento: o ovo, a larva, a ninfa ou pupa e o adulto. Em geral, as fêmeas só se reproduzem uma vez mas põem ovos periodicamente durante toda a sua existência. Para conseguir isso, a maioria delas deve alimentar-se de sangue. Os machos não são hematófagos, alimentam-se de sucos vegetais (fitófagos).

Medidas de controlo a ter em conta

1. Organismos-alvo: Mosquitos Imaturos (Larvas)




Actualmente, um dos principais métodos de luta em relação às populações de mosquitos reside na eliminação dos locais de postura e criação de larvas e/ou na utilização de larvicidas. As larvas de mosquito podem ser controladas por via mecânica, biológica, ou química:

a) controlo mecânico – consiste na destruição dos locais favoráveis ao desenvolvimentos dos estádios imaturos do mosquito.

Pode envolver várias medidas:


- Esvaziamento e remoção de contentores ocasionais, como pneus velhos e latas;


- As depressões no terreno devem ser reduzidas; 


- Ervas altas, que podem reter águas, devem ser cortadas regularmente


- Os aterros sanitários devem ter um declive final por forma a facilitar a drenagem;


- Remover as barreiras para que a água possa correr livremente;


- Igualmente importante é a selagem de tanques ou fossas onde esgotos possam ficar estagnados. 


- Pequenos charcos e lagos constituem locais preferenciais de criação de larvas: as ervas circundantes devem ser retiradas e a água renovada;


- Em campos irrigados, os problemas dos mosquitos podem ser relevantes. Estes normalmente procuram a água armazenada, o sistema de distribuição e de drenagem. Para controlar esta situação, é necessário usar quantidades de água suficientes para a manter em movimento nos sistemas e evitar a estagnação.


b) controlo biológico - a técnica biológica para eliminar as larvas pode incluir o uso de toxinas do Bacillus thuringiensis, reguladores de crescimento dos insectos (feromonas) e/ou luta biológica através do povoamento dos lagos e outras áreas aquáticas com peixes predadores de larvas de mosquitos, p. ex. do Gén. Gambusia.


c) controlo químico - este tipo de controlo pode ser efectuado através de destilados de petróleo, os quais são tóxicos para os ovos, larvas e pupas. Os larvicidas à base de piretróides também têm sido usados durante muito anos. Produtos à base de metoxicloro actuam de forma sistémica, como veneno por contacto, penetrando a parede respiratória das larvas.

2. Organismos-alvo: Mosquitos adultos 


a) Protecção das habitações - à noite, os mosquitos são controlados eficazmente através de redes com uma malha de 4,8
C4,8 ou 4,2C
4,2mm que impedem a sua passagem.

b) Protecção humana - Actualmente, existem vários tipos de repelentes químicos no mercado nacional (Pesticidas para uso no Homem). Incluem, entre outros, o éster etílico ácido 3 – (N-N-butil_N-acetil) aminopropiónico (EBAAP) e o N-N dietiltoluamida (DEET). Estes, aplicados em superfícies do corpo, podem prevenir as picadas de mosquito por períodos entre 2-12 h. Esta protecção depende da pessoa, da espécie de mosquito e da abundância de mosquitos existente.

Outro modo de controlo dos mosquitos adultos com efeito directo no Homem será a acção de pulverização no ambiente de insecticidas (Pesticidas para uso industrial) que pode ser desencadeada através do uso de aerossóis, fumigação ou aplicação aérea, por meio de equipamento devidamente calibrado.




Captura de Mosquistos em fase Adulta

A armadilha CDC light-trap e gelo seco (CO2) é o equipamento utilizado para a captura de mosquitos adultos.
Estas armadilhas atraem os insectos através de uma luz para o local em que são aspirados para o saco, são colocadas a 1,50 metros do solo e protegidas do vento. 
A  colocação do gelo seco será perto da armadilha, para que os insectos sejam atraídos para a mesma.


 
Para além da colocação da armadilha, é também colocado um medidor de temperatura e humidade, de maneira a ser possível verificar temperaturas/ humidade máxima e mínima, registada durante a noite.       

A armadilha é colocada ao final da tarde e retirada pela manhã do dia seguinte, repetindo-se em duas noites seguidas.















Captura de Mosquitos Imaturos (Larvas)



Com o auxílio de um camaroeiro capturam-se as larvas nos locais de postura (criadouros) e colocam-se em água, colhida no mesmo local da captura.




Depois de capturados os mosquitos e as larvas, devem sem devidamente acondicionados, para poderem ser enviados para o Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas (CEVDI), no Instituto Dr.Ricardo Jorge.




Fontes:
Formação Revive, Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Dr. Francisco Cambournac / Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge



Nenhum comentário:

Postar um comentário