Programa REVIVE (Captura de
Culicideos ( os conhecidos
mosquitos) e ixodideos (as conhecidas carraças).
No ano de 2008, iniciou-se o
Projecto Rede de Vigilância de
Vectores – REVIVE, que resultou da parceria
entre a
Direcção-Geral da Saúde, as Administrações Regionais de
Saúde e o
Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge ( Centro de
Estudos de Vectores de Doenças
Infecciosas )
O programa REVIVE tem como objectivo principal a
determinação do nível de risco associado à presença de culicídeos (mosquitos)
no território português e também à caracterização dos ixodídeos (carraças).
No âmbito do Programa REVIVE, o contributo dos
Técnicos de Saúde Ambiental, recorrendo a técnicas específicas, consiste em
efectuar a recolha de mosquitos adultos, de larvas e de carraças, para que
desta forma possam ser objecto de identificação e de outros estudos, podendo
contribuir para a caracterização de exemplares existentes nas várias áreas
geográficas de onde são capturados.
Assim é possível contribuir para o geoprocessamento de
informação útil, pela DGS, de medidas e acções de vigilância e
controlo das doenças transmitidas aos seres humanos pelos insectos e pelas
carraças.
Os ixodídeos ou Carraças
“Os ixodídeos, também designados por carraças, são
artrópodes hematófagos estritos ectoparasitas de vertebrados terrestres. Estes artrópodes estão presentes
em quase todas as regiões zoogeográficas. Embora sejam considerados zoofílicos,
são várias as espécies associadas à transmissão ao Homem de importantes agentes
etiológicos, responsáveis pelo aparecimento de diversas doenças infecciosas.”(
M.ª MARGARIDA SILVA, A SOFIA SANTOS, PERPÉTUA FORMOSINHO, FÁTIMA BACELLAR
Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de
Saúde Dr. Ricardo Jorge. Lisboa.)
A carraça, enquanto portadora de
microrganismos, constitui um perigo para a saúde animal e, também, para a saúde
pública.
Formas de transmissão
As carraças são parasitas que se instalam na pele, que se alimentam do sangue e
que podem transmitir doenças graves, tanto ao animal como ao homem.
Na maior parte dos casos, as carraças precisam de estar fixas ao seu hospedeiro
durante pelo menos 24 horas para transmitirem os microrganismos causadores da
doença, dependendo do agente patogénico.
Os vírus podem ser transmitidos em
minutos, embora as bactérias e os parasitas precisem de mais tempo.
As carraças
depositam os seus ovos no solo, em vegetação de dimensão média e alta, que
apresentem algum grau de humidade. No verão, e especialmente nas horas mais
frescas do dia (de manhã ou ao final da tarde), as carraças instalam-se na
ponta das ervas e arbustos, sendo por isso mais fácil a sua passagem para os
animais e para o homem.
Os locais
que apresentam maior risco são os parques e jardins, havendo também uma maior
prevalência de carraças na zona interior do país.
Tipos de doenças transmissíveis por
carraças
As doenças transmissíveis por carraças representam um perigo para o animal e
para o ser humano, pelas consequências que acarretam e que podem levar à morte,
caso não seja feita uma intervenção rápida.
Segundo "Formação Revive, Instituto Nacional de Saúde, Dr Ricardo Jorge",em
Portugal, o número de doenças transmissíveis por carraças tem vindo a aumentar
nos últimos anos, devido ao aumento das temperaturas que se têm feito sentir.
Nem todas as carraças estão infectadas
por agentes patogénicos, pelo que a sua picada poderá não ter consequências
mais graves do que uma pequena espoliação de sangue e inflamação local.
De uma maneira geral, nos
humanos, os sinais clínicos começam com uma pequena úlcera vermelha coberta por
uma espécie de borbulha negra no local da picada da carraça na pele e, passados
alguns dias, podem aparecer sintomas de febre, dor de cabeça, erupções
cutâneas, mialgias, náuseas e vómitos, dor abdominal, conjuntivite, gânglios
linfáticos aumentados, diarreia, perda de equilíbrio, estado mental alterado,
artrites e icterícia.
Reflexão:
Considero este tema pertinente e
importante, daí partilhar com todos através do meu blog, tal como foi
evidenciado anteriormente este tema não deve ser ignorado pois caso contrário
poderão advir consequências graves para a nossa saúde.
Durante esta semana,
chegou ao centro de saúde uma criança de 5 anos, cuja mãe suspeitava que filha
tinha uma carraça na axila, fomos chamados junto da criança para confirmar se
efectivamente se tratava de uma carraça.
As carraças Durante o seu ciclo de vida,
assumem 4 formas evolutivas: Ovo, Larva, Ninfa e Adulto, no caso desta criança tratava-se de uma larva era difícil confirmar se era
mesmo uma carraça visto a sua dimensão ser muito pequena. Realmente a criança
tinha consigo uma carraça. Procedemos à sua retirada, colocamo-la num tubo de
ensaio com uma folha de ramagem para manter os níveis de humidade favoráveis à
sua sobrevivência para desta forma ser enviada para oCentro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas (CEVDI), no Instituto Dr.Ricardo Jorge, para que se possa comprovar se a carraça estava ou não infectada com febre da carraça.
Segundo a mãe da criança esta poderá ter
apanhado a carraça num parque local, ou na casa de uma vizinha onde coabitam
animais de estimação.
A PREVENÇÃO é a chave para impedir a infestação por carraças e evitar a
transmissão destas doenças.

O período de maior risco de infestação por carraças ocorre entre Abril e Outubro,
mas o seu controle deve ser feito durante todo o ano! Evite passear o seu cão
e/ou gato por zonas de vegetação intensa e mantenha-o desparasitado.
Tal
como referenciado no início desta publicação, o programa REVIVE, contempla
também a captura de Culicídeos (mosquitos) e larvas.
À
semelhança da carraça, também os mosquitos provocam doenças, que constituem
graves problemas de Saúde Pública.
“A
maior parte dos agentes de doença transmitida por vectores exigem um padrão sazonal
distinto, o que sugere, muito claramente, que os parâmetros climáticos são importantes
na epidemiologia das doenças transmitidas por vectores. Alguns factores
climáticos como a temperatura, precipitação, humidade e a velocidade e direcção
do vento influenciam fortemente a ecologia (multiplicação), desenvolvimento,
comportamento e sobrevivência dos vectores e hospedeiros, e consequentemente a
dinâmica da transmissão da doença.” (Formação Revive, Centro de Estudos de
Vectores e Doenças Infecciosas Dr. Francisco Cambournac / Instituto Nacional de
Saúde Dr. Ricardo Jorge).
Os
mosquitos efectuam a postura de ovos em qualquer zona húmida ou de água parada,
preferencialmente fossas, esgotos, águas estagnadas e poluídas. A maioria dos
mosquitos adultos vive no exterior. Durante o dia estão inactivos em zonas
resguardadas e sombrias; à noite, as fêmeas, hematófagas (fazem refeição de
sangue), retomam a actividade para se alimentarem, picando indiferenciadamente
humanos e animais.
Ciclo
de desenvolvimento
Distinguem-se
quatro estadios de desenvolvimento: o ovo, a larva, a ninfa ou pupa e o adulto.
Em geral, as fêmeas só se reproduzem uma vez mas põem ovos periodicamente
durante toda a sua existência. Para conseguir isso, a maioria delas deve
alimentar-se de sangue. Os machos não são hematófagos, alimentam-se de sucos
vegetais (fitófagos).
Medidas
de controlo a ter em conta
1. Organismos-alvo: Mosquitos Imaturos (Larvas)
Actualmente, um
dos principais métodos de luta em relação às populações de mosquitos reside na
eliminação dos locais de postura e criação de larvas e/ou na utilização de
larvicidas. As larvas de mosquito podem ser controladas por via mecânica,
biológica, ou química:
a) controlo mecânico – consiste na destruição dos locais favoráveis ao
desenvolvimentos dos estádios imaturos do mosquito.
Pode envolver várias medidas:
- Esvaziamento e remoção de contentores ocasionais, como pneus velhos e latas;
- As depressões no terreno devem ser reduzidas;
- Ervas altas, que podem reter águas, devem ser cortadas regularmente;
- Os aterros sanitários devem ter um declive final por forma a facilitar a
drenagem;
- Remover as barreiras para que a água possa correr livremente;
- Igualmente importante é a selagem de tanques ou fossas onde esgotos possam
ficar estagnados.
- Pequenos charcos e lagos constituem locais preferenciais de criação de
larvas: as ervas circundantes devem ser retiradas e a água renovada;
- Em campos irrigados, os problemas dos mosquitos podem ser relevantes. Estes
normalmente procuram a água armazenada, o sistema de distribuição e de
drenagem. Para controlar esta situação, é necessário usar quantidades de água
suficientes para a manter em movimento nos sistemas e evitar a estagnação.
b) controlo biológico - a técnica biológica para eliminar as larvas pode
incluir o uso de toxinas do Bacillus thuringiensis, reguladores de crescimento
dos insectos (feromonas) e/ou luta biológica através do povoamento dos lagos e
outras áreas aquáticas com peixes predadores de larvas de mosquitos, p. ex. do
Gén. Gambusia.
c) controlo químico - este tipo de controlo pode ser efectuado através de
destilados de petróleo, os quais são tóxicos para os ovos, larvas e pupas. Os larvicidas
à base de piretróides também têm sido usados durante muito anos. Produtos à
base de metoxicloro actuam de forma sistémica, como veneno por contacto,
penetrando a parede respiratória das larvas.
2. Organismos-alvo: Mosquitos adultos
a) Protecção das habitações - à noite, os mosquitos são controlados eficazmente
através de redes com uma malha de 4,8C4,8
ou 4,2C4,2mm que
impedem a sua passagem.
b) Protecção humana - Actualmente, existem vários tipos de repelentes químicos
no mercado nacional (Pesticidas para uso no Homem). Incluem, entre outros, o
éster etílico ácido 3 – (N-N-butil_N-acetil) aminopropiónico (EBAAP) e o N-N
dietiltoluamida (DEET). Estes, aplicados em superfícies do corpo, podem
prevenir as picadas de mosquito por períodos entre 2-12 h. Esta protecção
depende da pessoa, da espécie de mosquito e da abundância de mosquitos
existente.
Outro modo de controlo dos mosquitos adultos com efeito directo no Homem será a
acção de pulverização no ambiente de insecticidas (Pesticidas para uso
industrial) que pode ser desencadeada através do uso de aerossóis, fumigação ou
aplicação aérea, por meio de equipamento devidamente calibrado.
Captura de Mosquistos em
fase Adulta
A armadilha CDC
light-trap e gelo seco (CO2) é o equipamento utilizado para a captura de
mosquitos adultos.
Estas armadilhas atraem os insectos através de uma luz para o local em que são aspirados para o saco, são colocadas a 1,50 metros do solo e protegidas do vento.
A colocação do
gelo seco será perto da armadilha, para que os insectos sejam atraídos para a
mesma.
Para além da
colocação da armadilha, é também colocado um medidor de temperatura e humidade,
de maneira a ser possível verificar temperaturas/ humidade máxima e mínima, registada durante a noite.
A armadilha é
colocada ao final da tarde e retirada pela manhã do dia seguinte, repetindo-se em duas noites seguidas.

Captura de
Mosquitos Imaturos (Larvas)
Com o auxílio de
um camaroeiro capturam-se as larvas nos locais de postura (criadouros) e colocam-se em água, colhida no mesmo
local da captura.
Depois de capturados os mosquitos e as larvas, devem sem devidamente acondicionados, para poderem ser enviados para o Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas (CEVDI), no Instituto Dr.Ricardo Jorge.
Fontes:
Formação Revive, Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Dr. Francisco Cambournac / Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge